Formada em Arquitetura pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Renata Lima tem mestrado em Teoria e História da Cidade pela Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Carlos (EESC USP), e doutorado em Urbanismo pela Universidade Politécnica da Catalunha (UPC). A bolsista é professora de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Paulista (UNIP). Sua tese sobre arquitetura das cidades recebeu o Prêmio Europeu Manuel de Solà-Morales de urbanismo.
Fale um pouco sobre o seu projeto de pesquisa e seu objetivo.
A tese foi desenvolvida na área de urbanismo. Estudei processos contemporâneos de conformação da cidade, tais como: a formação de novos tipos de centralidade – com enfoque nos espaços de uso comum, que se formam na rua e nas calçadas –, mas também nos térreos abertos dos edifícios da Avenida Paulista, construídos em diferentes épocas. O objetivo do trabalho foi discutir e definir os conceitos de espaço coletivo e de centralidade linear, tanto na literatura urbana do Brasil como da Europa, buscando reconhecer a construção dessas ideias em diferentes contextos. Também procurei compreender o processo histórico-evolutivo da Avenida Paulista.
Como se deu o interesse em trabalhar com este tema?
Eu sou professora de Projeto Urbano. A relação entre o edifício e a cidade é um assunto que me interessa desde que comecei a lecionar, pois é um grande desafio para os estudantes e arquitetos. Ao longo da experiência docente percebi que a Avenida Paulista apresenta bons exemplos de espaços onde a arquitetura cria lugares interessantes do ponto de vista da urbanidade. Por este motivo decidi estudá-la a fundo, a partir de uma perspectiva histórica, morfológica e fenomenológica.
Qual a importância do seu trabalho para a realidade brasileira? E no âmbito internacional?
Acho importante porque explora um tema relativamente novo: os espaços coletivos. Essa discussão amplia o debate sobre espaço público e privado porque trata, precisamente, dos espaços de transição entre os dois. Tal como se procurou demonstrar, são os espaços onde a vida urbana acontece com mais intensidade. Outro aspecto importante abordado é o das novas centralidades urbanas contemporâneas, fundamentais na estruturação e dinâmica da metrópole.
O que a sua pesquisa traz de diferente daquilo que já é visto na literatura?
Uma contribuição positiva do trabalho foi indicar que existem outras formas de centro, diferente dos nucleares tradicionais que tendem a assumir a forma linear e a organizarem-se ao longo de eixos urbanos como a Av. Paulista. Para tratar desses dois temas foram desenvolvidos critérios de análise e de projeto de espaços coletivos e centralidades, o que também é um aporte.
Ao me aprofundar no estudo da avenida, também foi possível explicar aspectos importantes do desenvolvimento e construção da cultura urbanística no Brasil e em São Paulo. Verificou-se, por exemplo, que a Paulista foi o primeiro bairro da cidade a exigir recuos frontais e laterais, o que gerou a formação de um novo padrão urbanístico que influenciaria a formação dos bairros futuros.
Fale um pouco sobre a premiação da sua tese.
Trata-se de um prêmio único. O Prêmio Europeu Manuel de Solà-Morales de urbanismo reconhece, a cada dois anos, a melhor tese de doutorado em urbanismo realizada na Europa. Este prêmio é concedido pelo Laboratório de Urbanismo de Barcelona (LUB) e é uma iniciativa da Escola Técnica de Arquitetura de Barcelona (ETSAB), da Universidade Politécnica da Catalunha. Este admite que se inscrevam teses de doutorado defendidas em uma universidade europeia durante os dois anos anteriores ao lançamento do edital com a condição de que tenham recebido a nota máxima da instituição.O prêmio homenageia o professor e arquiteto Manuel de Solà-Morales (1939-2012), fundador e diretor do LUB, que influenciou muitos dos projetos urbanos desenvolvidos em Barcelona nas últimas décadas.
Com informações da CCS/CAPES
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