Lembretes, bloco de notas, despertador, acesso a redes sociais... Para muitas pessoas, a vida hoje depende das tecnologias proporcionadas pelos smartphones. A pesquisadora Thaiane Santos da Silva, ex-bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), foi além e enxergou outra funcionalidade para esse aparelho, utilizando-o como ferramenta para monitorar e conter a propagação de microplásticos (MPs) descartados nos ecossistemas costeiros e marinhos.
O método inédito de captura remota de imagens feitas com o smartphone é uma possível alternativa para identificação de poluentes em praias. Thaiane explica que a pesquisa foi motivada a partir da busca por uma metodologia de estudo de baixo custo e que permitisse análises com rapidez. “Além disso, o método surgiu a partir da percepção de vantagens em estudos de lixo marinho usando sistemas de imagens (fotos e vídeos de sistemas de câmeras) e lacunas (estudos que usam essas metodologias abrangem apenas detritos de tamanho macro, em escalas de cm e microplásticos podem ser subestimados)”, pontua a cientista.
Segundo Thaiane, quanto mais simples forem as amostragens com imagens que revelem a poluição, melhor para gerar dados científicos em maiores escalas, ajudando a otimizar o estudo de MPs. Atualmente, o monitoramento é realizado convencionalmente através do método direto ? coleta e análise laboratorial ?, sendo esse um protocolo que demanda mais recursos, tempo, mão de obra especializada e alto custo.
A partir dos experimentos, o estudo concluiu que a técnica inédita para verificar a detecção de MPs por imagem necessita de aprimoramentos futuros, a fim de ajudar em uma determinação mais exata da quantidade de objetos. O trabalho destaca ainda sistemas de câmeras (webcam e drone) como potenciais ferramentas de monitoramento e identificação, podendo funcionar como aliados na divulgação do alerta sobre a necessidade da preocupação ambiental, embora necessite da interpretação das imagens coletadas juntamente com software de segmentação e classificação.
“Celulares são ferramentas comuns e disponíveis à população, por isso podem ser muito úteis no combate à poluição marinha por MPs, pois possibilitam a participação da sociedade na geração de dados científicos”, avalia Thaiane. Para ela, o envolvimento de voluntários diminuiria os custos com pesquisas científicas e incentivaria o crescimento de projetos de ciência cidadã.
Em sua dissertação, a autora explica que iniciativas assim podem ser observadas em aplicativos como “Clean Swell”, “Marine Debris Tracker” e “Creek Watch”, que contam com a elaboração de estudos científicos em que, após identificarem lixo marinho, voluntários/usuários tiram fotos e as direcionam para uma base de dados. “Esses dados auxiliam pesquisadores na identificação do lixo e contribuem para o desenvolvimento de políticas de monitoramento e solução para o problema”, afirma.
A investigação está detalhada na dissertação “Detecção de microplásticos em praias: uma proposta alternativa de monitoramento com imagens”. O estudo está disponível no repositório institucional da UFPE, mas também está em fase de revisão para submissão a revistas científicas como Remote Sensing of Environment, Marine Pollution Bulletin, International Journal of Remote Sensing e Environment International. Os títulos indicados pela pesquisadora para possível submissão estão disponíveis no acervo do Portal de Periódicos da CAPES.
Como usuária do Portal, Thaiane sinaliza a relevância da disponibilização do variado acervo, que alcança todas as áreas do conhecimento em quantidade e qualidade: “no meio acadêmico e como pesquisadora é de extrema importância acompanhar os estudos que estão sendo feitos no mundo. Utilizo o Portal de Periódicos para buscar bibliografias, além da pesquisa direta em revistas científicas”. Entre os recursos mais utilizados, Thaiane cita as bases Scopus e Web of Science.
Sobre sua experiência como bolsista da CAPES, a pesquisadora relata: “fazer pesquisa exige dedicação exclusiva, sem atividade paralela remunerada, então a bolsa da CAPES foi de suma importância; ajudou a me manter na cidade (morava em Belém e fui para Recife cursar a pós-graduação na UFPE) e também nos custos das idas a campo (13 praias) para coleta de material para o estudo. Sem esse suporte, eu não teria feito o mestrado e não seguiria na trajetória acadêmica. Meu objetivo é me manter fazendo ciência e contribuir para a pesquisa do Brasil”.
Com informações da Assessoria de Comunicação da UFPE
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