O bolsista de doutorado pleno do Ciência sem Fronteiras Rafael Silva teve um artigo publicado pela revista Nature Climate Change. O estudo é fruto das pesquisas que ele vem desenvolvendo na Escócia e mostra que a redução do consumo de carne bovina no Brasil pode aumentar as emissões de gases de efeito estufa.
Rafael explica como chegou a esse resultado. “Desenvolvi um modelo matemático bem detalhado capaz de linkar a demanda por carne e a variação nos estoques de carbono no solo, sequestrado pelas pastagens. Uma maior demanda serve como estímulo para os produtores recuperarem pastagens degradadas e pastagens de melhor qualidade tem mais biomassa abaixo do solo. Mesmo com mais bois para atender uma demanda maior, o ganho em sequestro de carbono por pastagens melhoradas faz com que, no fim das contas, as emissões sejam menores. De forma análoga, com a diminuição da demanda, as pastagens degradam e perdem carbono, fazendo as emissões aumentarem”, disse.
Segundo o doutorando, que desenvolve suas pesquisas na Universidade de Edimburgo e na Faculdade Rural da Escócia, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o estudo, embora inesperado, foi bem recebido. “Em apenas 48 horas da publicação, tivemos cerca de 20 portais internacionais de notícias falando sobre nosso estudo, além de jornalistas do Reino Unido e Estados unidos que ainda estão entrando em contato para entrevistas. O artigo chegou a ficar em segundo lugar dos trendings na Nature Climate Change”, completou.
Experiência
Para Rafael, a experiência no exterior vai ao encontro de seus objetivos profissionais. “O meu foco sempre foi fazer pesquisa que fosse relevante para o Brasil. Estando aqui fora e trabalhando com os melhores da área, tenho uma oportunidade única de fazer pesquisa de alto impacto e contribuir para o meu país, de uma forma que não seria possível no Brasil”, afirmou.
Há três anos na Escócia, o bolsista ressalta os aspectos que agregam valor ao seu trabalho. “No meu projeto de doutorado construí um grupo muito forte, tanto de pesquisadores brasileiros (Embrapa) quanto escoceses. O nível de cobrança aqui é alto, mas a universidade fornece todo o suporte e nos estimula a fazer pesquisa de alto impacto. O principal é que aqui um estudante de doutorado é tratado como pesquisador, tem acesso a supercomputadores e subsídio para conferências e treinamentos, quando necessários. É impressionante”, disse.
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CsF
Lançado em dezembro de 2011, o Ciência sem Fronteiras busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. A iniciativa é fruto de esforço conjunto dos Ministérios da Educação (MEC) e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) por meio de suas respectivas instituições de fomento – Capes e CNPq. Ao todo, 101.446 bolsas foram concedidas em quatro anos, conforme meta inicial do programa.
(Gisele Novais - CCS/Capes)