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Pesquisa da UFMG apresenta dados sobre o genoma brasileiro

Publicado em 02/07/2015 03h00

No Brasil, predomina a miscigenação (Imagem: www.diariodebiologia.com)Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – instituição participante do Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) –, publicaram no periódico Proceeding of the National Academy of Sciences (PNAS) o maior estudo realizado até hoje sobre a diversidade genômica de populações brasileiras. O artigo é liderado pelo grupo do Professor Eduardo Tarazona Santos, do Departamento de Biologia Geral do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, e por jovens pesquisadores dos Programas de Pós-Graduação em Genética e Bioinformática da universidade.

A análise do genoma de quase 6,5 mil pessoas mostra como o tráfico de escravos distribuiu indivíduos de diferentes origens do continente africano pelo Brasil, quantifica a variedade do sangue europeu distribuído pelo sul do território e revela como ocorreu o processo de miscigenação. O genoma dos voluntários foi comparado à informação genética de cerca de dois mil nativos de diferentes regiões da Europa e da África; a similaridade entre o sangue brasileiro e o estrangeiro revelou como a colonização moldou os traços dos habitantes de grande parte do país.

Os genes da população da primeira coorte – 1.309 indivíduos de Salvador (BA) – apresentam uma grande ancestralidade africana (50,8%), seguida da europeia (42,9%) e ameríndia (6,4%). Já na segunda coorte, composta por 1.442 pessoas da cidade de Bambuí (MG), a grande maioria do genoma é de origem europeia (78,5%), com uma pequena contribuição africana (14,7%) e ainda menor ameríndia (6,7%). Por fim, na terceira e última coorte, formada por 3.736 indivíduos nascidos em Pelotas (RS), a influência genética europeia também é relevante (76,1%), com uma contribuição africana e ameríndia um pouco maior do que em Minas, de 15,9% e 8%, respectivamente.

O grupo de pesquisadores brasileiros responsável pelo artigo publicado no PNAS, composto por epidemiologistas, geneticistas, bioinformatas e estatísticos, também desenvolveu um método para, a partir dos dados da diversidade do genoma, contar a história e a dinâmica da miscigenação no Brasil. O estudo discute como a origem diversificada dos brasileiros e a posterior miscigenação está relacionada com a distribuição de variantes genéticas associadas a doenças.

O estudo é parte do Projeto Estratégico do Ministério da Saúde EPIGEN-Brasil, que é a maior iniciativa latino-americana para estudar a diversidade genômica de populações miscigenadas e seus efeitos em doenças complexas no Brasil.

Acesso ao PNAS

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